quarta-feira, 15 de setembro de 2010

DANÇA DAS ONDAS - 21 -

- Peggy Cummins
- 21 -
Aquele momento foi de terror e temor total. Os amantes estavam no interior do auto quando, de repente estavam sendo vítimas de assalto. Gritar por socorro, isso nem pensar. Ficar imóvel, de vidros fechados até, era difícil saber. Dar partida no veículo, tal fato era impensável até porque os dois marginais estavam armados prontos para deflagrar fogo. O negocio de tomar tempo, Honório nem podia saber. E a mulher, Ângela, procurou sair de cima do rapaz e se locomoveu devagar até o assento ao lado onde ela estivera desde o inicio da viagem, curta, porém satisfatória até aquele instante. Com suavidade, Ângela se projetou para o assento enquanto pensava sem poder atinar no que faria por causa da arma apontada pelo outro lado do vidro contra sua pessoa. Ela apenas ouvia o marginal gritar como um louco:

--- Depressa! Depressa! Depressa! – gritava com toda fúria o assaltante.

Ângela fitava o seu namorado e se dirigia para a porta com bastante vagar, procurando ver um momento de a moça poder agir. O homem, Honório, também procurava agir da melhor maneira possível, colocando as mãos sobre a direção do seu auto e falando para o bandido.

---Não tenho muito. Só o que está na carteira. – falou Honório.

O bandido falava ao desespero:

--- Depressa vagabundo! A carteira! – gritava por sua vez o marginal que estava do lado de Honório com a tensão a mil.

A moça chegou à porta e nesse instante abriu e jogou a porta em cima do bandido que lhe ameaçava. Com a queda do marginal o outro se assustou, o ponto certo de Honório também jogar a porta em cima do primeiro assaltante. Enquanto isso, a moça já estava em cima do seu bandido, chutando-lhe as partes dos testículos, fazendo com que o bandido ainda moço caísse ao desespero pela vertiginosa dor ao tempo de gritava. Nesse instante, Honório pulou em cima do seu assaltante, tirando-lhe a arma e mandando que o ladrão ficasse de pé.

-- De pé, canalha! De pé! Essa é sua arma! De pé! – vociferava Honório ao marginal.

Por seu lado, Ângela pulou longe e apanhou a segunda arma do segundo assaltante e gritou.

--- Levanta canalha! Levanta! E nem um pio! Encosta no carro! Vai! – gritava a moça com a arma na mão, ligeiramente agachada enquanto o bandido se moía de dor sem poder se levantar e nem se mover. A pancada nos testículos, por três vezes, deixara o bandido em petição de mortal. O bandido clamava por socorro e a moça fez disparo contra ele acertando o primeiro tiro a altura do seu ombro ferindo. O marginal se enroscou ainda mais gritando.

--- Esse é o primeiro. O próximo será no coração. Levanta cachorro!!! – gritou Ângela de forma rude e desesperada.

Por seu lado Honório mandava o outro ladrão se encostar-se ao carro e tirar o seu cinturão deixando o bandido com as mãos ocupadas.

--- Tira o cinto! Cachorro! Vai! Tira! – dizia Honório em plena escuridão.

Do outro lado era Ângela comandando a ação com o marginal ferido no ombro e a moça a gritar com fúria de morte.

-- Tira as calças! Vai! Ou atiro em seus peitos! – gritava a moça sem querer saber de conversa. O bandido dois não podia fazer coisa alguma com dores nos testículos de tanta porretada e no ombro ferido por uma bala. Como tirar as calças ele não sabia. Só sabia dizer uma coisa:

--- Moça me acuda! Estou morrendo! – lamentava o assaltante dois.

A mulher não se conteve e chutou novamente os testículos do homem, o qual entrava em agonia total. Ângela puxou as calças o deixando quase nu. Puxou-lhe a cueca para acabar com o sinal do homem em poder recorrer a qualquer ação.

Por seu lado, Honório arrastou a calça e cueca do primeiro marginal ao dizer

--- Você vai caminhar sem calça até a delegacia. – rosnou Honório com muita raiva.

O bandido nada podia fazer, chorando com a vergonha por que passara.

O outro surrado com seu ombro ferido e os testículos inchados, passado algum tempo quis se levantar e não conseguiu, caindo ao chão com a cara cheia de areia. O casal que estava fazendo amor, ao pressentir a cena, correu mundo a fora que nem o diabo pegava. O disparo despertou alguém que morava por perto e outras pessoas vindas de longe a perguntar;

--- Que houve aqui? – perguntava uma mulher cheia de surpresa.

--- Tem um bandido ferido e outro nu. Aliás, esse também está nu. – falou Ângela passando o braço no rosto para retirar resto de areia.

--- Coitados! – disse a mulher com voz de penitente.

--- Coitados? Coitada de mim que não levei bala nos chifres! – respondeu irada com toda zanga a moça Ângela.

Nesse momento corria um sargento da policia e três homens. O Sargento queria saber quem matou quem. E disse logo.

--- Gente morta? – perguntou o sargento de forma severa.

Honório explicou que eles eram dois assaltantes de meio de estrada e tentaram assaltá-lo e à companheira de viagem, pois eles estavam a caminho da casa de uma tia da moça. É de se pensar que tudo isso não passava de uma baita mentira. Porém foi assim que o rapaz falou. Era a melhor versão. E disse mais:

--- Quando eles tentaram o assalto a moça abriu a porta do carro e deu em cima do segundo bandido. Foi isso o que aconteceu. – relatou Honório com firmeza.

--- Vamos com calma. Seu nome, por favor. – perguntou o sargento a Honório.

--- Eu me chamo Honório. Honório Dumaresq. A seu dispor. – relatou Honório sem emoção.

--- AH. Dumaresq? Eu conheço a sua mãe. Você é filho de Do Carmo. – indagou o Sargento.

--- Sim. Ela é minha mãe. Tem mais, o bandido que está estirado foi por causa de um tiro que levou. – disse mais Honório.

---Tiro? Quem disparou? – perguntou o Sargento inquieto.

--- Eu mesmo. Ele tentou contra mim e eu atirei com o revolver do outro. – resumiu Honório

--- Espere. Espere. Vamos deixar isso pra lá. Eu prendo esses facínoras e você e a moça parta daqui. O bandido está sangrando e vai ter que ir para o hospital. A questão do tiro foi briga entre eles dois. Fica assim. – relatou o sargento.

--- Mas como? Eles estão nus!!! – reclamou Honório ao sargento.

--- Deixa comigo. Eu devo muito a dona Do Carmo. Eu assumo a responsabilidade. – falou o homem da Polícia.

Honório, que tinha salvado a moça do tiro, então ficou de cabeça cheia em conseqüência do sargento assumir a questão do delinqüente ferido. E chegou a meditar: -- “Era bem melhor matar aqueles dois bandidos e por os corpos do rio” -. Contudo, não disse nada ao militar, pois já havia gente demais ao redor dos bandidos. E um deles falou ao sargento:

--- Como é sargento? Eles estão mesmo presos ou. ....! – falou o homem com voz baixa.

--- Vamos levá-los. Seja o que for eles vão para cadeia! – decidiu o sargento.

Honório agradeceu ao sargento. O casal rumou para a casa de Ângela sem mais comentar o ocorrido. Apenas Honório disse a Ângela que o caso não terminaria daquele modo. Ele havia de fazer algo em beneficio do Sargento PM. Por certo, daria um bom dinheiro para tudo calar. O certo é que dias depois os corpos dos marginais foram encontrados mortos e carbonizados em um matagal de um município longe do local. O sargento apareceu no escritório de Honório para receber determinada quantia pelo tal serviço. E ainda comentou com o rapaz.

--- Foi o coito mais caro de minha vida. – gargalhou o Sargento cujo nome não revelou.

Dentro de mais uma semana haveria a eleição de Ernani Salgado, o popular “Ganso Frito” e ninguém mais falava no caso. Com relação à namorada de Honório, a senhorita Adélia, tal assunto permanecia em banho-maria, pois a moça continuava a dormir em casa de sua tia. De sorte foi Honório ser eleito diretor de esporte do “Lagunas” e tudo voltou a calma na região. Damiana estava propensa a sair da casa para onde fora, pois gostava do rapaz Domingos, o popular “Peru Falante”. Porém teria que dizer a Honório de forma delicada para não ficar com acertada fama de “mulher da vida”, caso em que ela se enroscara aos treze anos de idade quando abortou o seu primeiro rebento. Mas, até chegar o momento da eleição de Ernani para presidir o Lagunas, Honório que trabalhar. E no outro dia, após aquela quente noite em que esteve metido com Ângela, onde a moça feria um meliante, Honório pediu para Catarina o acordasse logo cedo da manhã, pois ele havia de chagar no início do expediente ao escritório do seu tio Dumaresq.

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