segunda-feira, 8 de março de 2010

LUZ DO SOL - 48

- HANA -
- CONTO -
Hana saiu de casa pouco antes das 7 horas da manhã como fazia quase todos os dias. Seu noivo do mesmo modo tinha feito a mesma coisa, conforme Hana pensava. Na noite do dia anterior, os dois combinaram de se encontrar no portão principal, entrada do Campus. Na verdade, tal Campus era muito amplo por demais e se encontrar na porta da entrada era o mesmo que procurar agulha no palheiro. Todavia, eles já firmaram tal compromisso de ter um encontro naquele local, independente da passagem de carros que àquela hora já era intenso ou mais ou menos intenso, pois os outros alunos e professores também faziam o trajeto pelo mesmo local. Hana ligou o seu carro, esperou algum tempo e deu partida. Com o carro de motor ainda frio, era difícil se correr bastante, como tal Hana queria. E o negócio era ir devagar e a medida que o tempo passava, Hana ia aumentando a velocidade do veículo. Na verdade, o transito de carros e de gente a pé era intenso àquela hora do dia. Alguns amigos pediram carona a Hana quando esta já estava perto da entrada do portão. Olhando fixo para frente, a moça notou a presença de Jacques, o seu noivo, lá em frente, na entrada do Campus. Ele estava a pé. E a moça comentou:
--- Já vi. La está ele. Pensa que não vi? – falou Hana baixinho, com um sorriso na face.
No banco de trás, três amigos estavam a examinar os dados que os seus professores passaram e com isso, articulavam um tira teima dos infernos àquela hora do dia. Em certa ocasião, Hana foi obrigada a calar os seus amigos, apesar de cair na gargalhada.
--- Xiiit! Silencio! – fez a moça e começou a sorrir intensamente.
Os seus colegas de aula também sorriram com a atitude da moça que nem conseguiam mandar calar uma mosca que estava zoando pelo meio do tempo. E por isso mesmo um dos colegas falou:
--- Ela ficou brava. – disse isso e sorriu.
Outro da turma foi mais a fundo, dizendo:
--- É melhor a gente se calar se não ela nos põe para fora. – e caiu na gargalhada.
Nesse instante, para sustos dos colegas, o carro freou. Em poucos instantes, abriu a porta e entrou no recinto da frente, o noivo Jacques para acalmar os ânimos dos estudantes que temiam ser um passo que ela arrumara para pô-los para fora. Mesmo assim, apesar dos contratempos, a turma toda caiu na gargalhada. Isso assustou Jacques que ao mesmo tempo perguntou:
--- Oi galera! Tudo bem? Será que estou cagado? – perguntou Jacques sorrindo também.
--- Deixa eles. É a turma do “não aprende”! – comentou Hana.
Com isso, mais sorrisos escancarados se ouvia no carro. O pavilhão de aulas já estava perto, com Hana fazendo manobra para trancar um outro veículo e chegar primeiro ao reservado. Dali, a turma saltou bastante animada, tagarelando com ênfase e não temendo do pequeno transito de carros que se fazia no local. Ao lado de Hana, estacionou um outro veículo conduzido por um rapaz que a turma o chamava de “Soberbo”, por ser um rapaz “trancado” e mais alto que todos os que estavam ali a confabular. “Soberbo” não falou com ninguém e tomou direção de seu pavilhão. Um dos mais astutos da turma resolveu pregar uma peça no carro de “Soberbo”. Depois que todos saíram para as suas classes, o rapaz secou dois pneus do carro do tal “Soberbo” e em seguida, rumou para a sua classe. Foi assim que começou aquele dia de aula em uma semana que estava no inicio.
Na classe tinham alunos de todas as espécies: homossexuais, “pitombas”, lésbicas, transexuais, travestis e toda uma gama de gente que se apelidaram da turma do GLT ou da turma “Somos”, o primeiro grupo em defesa dos direitos dos Homossexuais. Na verdade, em 1500, quando os portugueses chegaram ao novo continente, já encontraram índios praticando a sodomia. Anos depois eram mandados para o Brasil os primeiros degredados homossexuais que habitavam a rica Europa. Desse modo, se conviver com gente de duplo sexo, já nem era boa novidade para a turma de universitários, apesar de não se saber que na história do Brasil, sodomia era coisa antiga, entre os próprios índios. E a “frescura” desregrada era também fruto dos homens brancos do além mar e dos próprios nativos encontrados por essas bandas da zona oeste do mundo. Por essa questão, Hana não entrava no mérito e Jacques ficava silencioso também.
Certa hora, naquele dia, Hana saiu com Jacques para uma confeitaria do Campus onde se servia de tudo um pouco, até mesmo sorvetes. Eles estavam animados a conversar e fazer as contas do seu casamento quando viram entrar dois homossexuais e uma lésbica morrendo de achar graça, não se sabe por que. Um deles olhou em volta e viu Jacques com a sua noiva a conversar e entre eles, o jovem disse:
--- Olha o “enrustido”! – gargalhando outra vez.
Para Hana, aquele palavreado teve bastante significado, pois o seu noivo nunca dera atenção aos homossexuais. Nesse ponto, Hana olhou para o seu noivo, trancou a cara e se levantou partindo para cima do homossexual que dissera aquele atrevimento. Meteu-lhe o tabefe na cara, chutou na bunda do rapaz. Deu socos na sua cara e procurou acertar-lhe as partes genitais com um pontapé. Hana estava virada em uma loba tamanha a sua fúria e agressividade. Os outros que acompanhavam travestí ou homossexual gritavam como loucos:
--- Pára! Pára! Pára.! – diziam eles embravecidos.
A confusão tomou todo o recinto da confeitaria e num instante todo mundo entrava na guerra. Uns acertando outros que não tinham nada com a confusão de Hana. O próprio Jacques levou uma cadeirada na cabeça que o pôs desacordado, o dono da confeitaria se escondia para não levar as sobras. E Hana sendo puxada pelas axilas para tentar acalmar os ânimos onde todo o bar estava aos pedaços. A briga não durou dez minutos para deixar tudo quebrado. Garrafas de cervejas foram ameaçadas contras as vidraças, quadros de artistas sem nome caíram de suas galerias, vidros de vermutes, rum, uísques e outras bebidas eram jogados no chão por todos os que estavam presentes, a sorveteria se viu ameaçada com a sanha de uns verdadeiros aborígenes que se formaram no lugar. Os dois homossexuais e a lésbica foram cruelmente retirados todos ensangüentados para locais distantes, Hana ainda estava embravecida vendo o fim do seu noivo estirado no chão, desacordado. Ela, então, rumou para seu lado e agachou-se para tentar reanimá-lo enquanto a policia chegava com os seus camburões procurando saber do ocorrido. A algazarra por fim acabara, onde os alunos da Universidade procuraram fugir do local, sobrando apenas Hana e Jacques como os seus testemunhos. O rapaz que estava completamente sem sentidos, tornou ao colo de Hana, esmorecido e um tanto sem forças.
Ao ser inquirido do que ocorrera naquele local, Hana lembrou apenas de que esbofeteara um homossexual por lhe ter agredido com palavras injuriosas. Os soldados ouviram tudo e pediram que tão logo lhes fossem possível eles comparecessem ao Distrito Policial para prestar queixa. E em seguida, saíram, rumando em outra direção.
--- Tá bom, querido? – perguntou Hana.
--- O que houve? – indagou o jovem.

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