quinta-feira, 11 de março de 2010

LUZ DO SOL - 51

- ÂNGELA -
- CONTO -
Noite vazia. Ternura antiga. Solitários homens de todas as alquebradas noites. Era isso que dava o desprazer para Ângela, morena esbelta, cabelos soltos até abaixo dos ombros, fisionomia modulada, boca sempre colada de prazeres sensuais, olhos de pantera acuada, nariz felino, busto sempre ardente. Ângela sequer tinha o prazer do seu desprazer. Noite adentro, ela ficava a esperar por alguém que jamais viera ao local de doces ilusões passageiras. Todas as damas de alcova viviam no mesmo sentido de não ter com quem sair. Quando muito, um ébrio aparecia por lá para beber e só beber. Coisa alguma ele jamais queria. E as damas ficavam a mercê da sorte a espera, sempre a espera de algum lunático que entrasse por engano naquele lupanar. Era ali que se fazia das mais soberbas proezas, com as damas se oferecendo para tudo a qualquer preço. Não raro, o homem saía sem deixar nenhum centavo para o desprazer da mulher. E nesse desacerto cruel, também estava à bela morena Ângela, cheia de carnes a desejar qualquer um por seus encantos naturais da virgem de crepúsculo dourado. As noites de inicio de semana eram as piores de todos os ocasos onde apenas se percebia algum louco que entrava e saia de uma só ocasião. As tardes desses dias estavam às damas a oferecer a sensualidade que se podia dar, em todos os sentidos do eterno prazer do seu destorcido corpo. Chegava à noite, e nenhum cavalheiro se portava aqueles divinos prazeres do encanto. Noite de trevas, enfim. Alguns dos lupanares existentes naquele desprovido bairro já até fecharam as suas portas de vez e as damas passaram a atuar em plenas calçadas da rua, quando a noite chegava. Essa era a sina de uma dama de alcova quando o tempo já não lhe fazia tanto benefício.
Em certa tarde, passava um homem pela calçada do lupanar de cores doídas de tão velhas que estavam e, olhando sem querer, viu sentada a bela Ângela, mulher dos seus 22 anos, a escutar música que saía de um rádio velho e mal cuidado por quem já tinha passado o seu tempo de escutar. Com suas coxas a mostra, a dama não se importava com quase nada neste mundo, pois até mesmo o desespero já não fazia o rumo do seu prazer. O homem olhou bem, e passou depressa. Ela que estava a cochilar ao ouvir das melodias, não prestara nem atenção, pois à tarde nenhuma pessoa se atrevia entrar no bordel a não ser os habituais preguiçosos ambulantes. De imediato, o homem parou e logo voltou para ver de novo aquele cenário de amor. Em seus cochilos, Ângela, de cabeça pensa para trás, pernas arqueadas, podendo se notar até mesmo as calcinhas que lhe cobriam a sua sensual parte do amor, ficou como sempre se deitava na cadeira de embalar os dias tão mal desejosos. O homem se acercou da dama e lhe cumprimentou com suave atenção.
--- Estas dormindo? – perguntou o cavalheiro.
--- Ô. Não. Somente a ouvir esse velho rádio. Entre. É mais adiante. – disse Ângela, se levantado a caminhar para o seu quarto.
O homem a seguiu compenetrado de que aquele ambiente nauseante era enfim a casa daquela exuberante dama de alcova. Ângela destravou a porta que, com um rangido se abriu. Era uma porta inteira de cima a baixo. Nada apresentava de mais no seu meio ambiente. Um pinico, um balde com água, um lavador, um banquinho e enfim, a cama que mais parecia um estrado suspenso. Os seus espelhos estavam pregados na parede para não desabar de vez. Uns tijolos faziam a vez de pés de cama, para sustentar melhor o velho catre que apresentava seus velhos pés feitos de paus completamente estragados. O quarto não tinha ventilação, pois só havia a porta de entrada e de saída.
--- É 50 reais uma hora. Quer ter mais prazer? É mais 50. Certo? – disse Ângela com um sorriso na face.
---Não me importo com isso. Posso pagar até adiantado. – respondeu o homem sacando de sua carteira duas notas de 50 reais.
--- Vai querer serviço completo? – perguntou a moça com um ar um pouco desprovido de encanto.
--- Eu prefiro conversar, de inicio. – replicou o homem que ainda estava totalmente vestido.
--- Ah, Bom. Converse. Eu vou me deitar aqui. – disse a virginal mulher a sorrir.
--- Como te chamas? – perguntou o homem.
--- Ah. Bom. Ângela. Nome de “guerra” se quer saber. – disse a moça.
--- Ângela. Belo nome. Vem de ângelus, angelical. É isso. Faz tempo que resides aqui? – perguntou o homem.
--- Seis meses. Penso eu. – respondeu a mulher, com uma das pernas arqueadas e o queixo encostado no joelho, olhando direto para o homem como se fizesse com quem usa óculos.
--- Nunca passo por aqui. – disse o homem.
--- Tire a roupa. – recomendou a dama.
--- Parece que assim está bem. – respondeu o homem.
--- Aqui faz calor, no tempo de verão. Sem roupa é melhor. – respondeu a moça sem cismas.
--- Tá bem. – respondeu o homem.
Logo, ele tirou o seu paletó, ficando de gravata, camisa, calça, cinturão, meias e sapatos, como quem estava em uma reunião do Conselho dos Cardeais da Igreja. Ele puxou o lenço e esfregou na testa exprimindo em seguida.
--- De fato. Faz calor. O mormaço nem sempre sai. – falou o homem.
--- Tire a calça e camisa. – disse a jovem com suave atenção.
--- Não. Assim está bom – retorquiu o homem.
--- Ora. Vamos. Arranque tudo. E a gente conversa. – falou a moça já com certas intenções vendo que o homem parecia não estar com coragem de ter com ela um verdadeiro amor.
--- Bem. A camisa. Pronto. A gravata também. Agora vamos conversar. – disse o homem totalmente encolhido na parte de cima.
Nesse ímpeto, a jovem mulher agarrou o homem pela cintura, puxou-lhe para cima e desabotôo a braguilha, retirando para fora a sua genitália para então começa a chupar com ardente fulgor como se aquilo fosse à vez primeira para uma delicada mulher. O homem em ânsia clama apenas por:
--- Ai meu Deus. Ela me mata! – dizia o homem.
E assim, Ângela fez um sexo ardente com soberbo rapaz que não pensava em tanto amor a um só tempo. Ela puxou-lhe as calças, cuecas e se deitou com ele, mesmo com os sapatos e o homem, em desespero abrasador nem sabia o que fazer com aquela dama de alcova em plena luz da tarde.. Passaram-se os segundos e minutos, com o homem abraçando a dama, cheirando os seus mamilos, chupando até e esfregando-se todo para compor a imagem do eterno encanto. Passaram-se as horas e o homem experimentou a delicada jovem por todos os locais possíveis e imagináveis deleitando-se com tanto eterno amor vulgar. Ao final de tudo, o homem delirante, convidou a jovem para irem morar juntos, pois só assim poderia ele conceber um pouco daquele convívio divinal. A dama perguntou, com firmeza:
--- Tem certeza que me quer? – perguntou Ângela.

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