domingo, 21 de março de 2010

LUZ DO SOL - 61

- AO LUAR -

- CONTO -

Corina estava completamente nua. A beleza do seu corpo enchia de perplexidade os demais corações. Ela era exuberante e plena como jamais alguém vira uma jovem igual tão cheia de encantos. No esmero do seu enlace, Corina delineava em hábil corpo de mulher menina a sedução esmerada e cheia de candura. Dalmo, o seu eterno amante sentia ciúmes a todo instante ao ver a sua airosa dama ao sabor do tempo como sendo um crepúsculo de sol ardente no inicio do luar. A insatisfação de Dalmo era o prazer de Corina cheia de doçura. Em outros tempos, Dalmo não teria ciúmes de qualquer outra amante que com ele conviesse na alcova do prazer. Porém, ao ver aquela infante despida, ele jamais teria sentido algo tão irradiante como estava a ver a meiga criatura. Por vezes, o homem queria se sentir o dono absoluto daquela dama, não importava o preço a pagar. Mesmo assim, Corina não tinha preço. A sedução encarnada no seu esplendor era o valor que cabia aos homens amantes do seu sexo.
Acalentando sublimes encantos, Corina cobria plena astucia aqueles que eram os seus amantes da esplendorosa semideusa. O valor de uma noite de ternura não havia preço para a musa. Deixando-se enlevar pelo encanto dos compassivos amantes, Corina dormia ao luar a plena luz das amadas estrelas. Era esse o preço da ingenuidade que a musa estabelecia para os seus notívagos enamorados. Ao sabor dos eternos encantos delirantes dos que a procuravam, a semideusa do alcoice em nada deprecava. Ao contrário da diva, o homem que era o seu amante, subia aos céus de tanta ira que ocultava em seu coração. Noites extenuantes eram aquelas em que Dalmo tinha que se aquietar enquanto a sua deusa ao sorriso de total deslumbrante amor, deixava ao sabor dos acasos o sofrer do seu amante.
Certa vez então, o homem amante, levantou dos seus míseros aposentos já por demais instantes de ódio e empurrou a porta da alcova nupcial onde estava Corina e, então não suportando o declínio da sua vida, golpeou a musa com empuxos certeiros e mortais de uma espátula onde a diva, debruçando a qualquer forma não aplacou a sanha do embrutecido amante. O homem que estava com Corina nos seus aposentos, vendo a fúria criminosa do amante, largou de tudo e correu pelo corredor alpendrado, apenas de cueca e segurando o lençol para encobrir outras partes, enveredou por entre as cadeiras e sofás até alcançar um local pleno e seguro. Aos gritos, a mulher acordou todo o ambiente, onde as damas dormiam ou acariciavam seus pares com paciência. Foi um extraordinário alarido que se ouviu por toda a parte. Após o desfecho fatal, onde não mais havia forças por parte da ninfa, o homem se levantou e saiu correndo com medo do que acabara de executar.
Nem por isso o tal elemento foi muito longe. No meio do caminho, a entrada do bordel, um segurança o atracou de forma viril e, aos desesperos do facínora, um tiro se ouviu espocar. O segurança disparou um tiro certeiro na mama de Dalmo que esse caiu aos estertores da morte. Acabara-se assim, uma contenda entre dois amantes ao custo da vida de cada um. Dalmo matou Corina e em seguida, um segurança do lupanar igualmente executou Dalmo. A morte de ambos os amantes levou o desassossego para todo o ambiente. Ninguém saberia dizer ao certo quem tivera a culpa. Todos sabiam que Corina era uma prostituta, mulher de aluguel. Todos. E Dalmo era o seu amante. No entanto, ele não se conformara com a ausência da mulher. O porquê do caso ninguém sabia dizer.
O tempo passou e o fato foi logo esquecido. Uma vez, ao se deitar na cama para negociar o sexo, uma nova meretriz foi tomada de surpresa com o vulto a passear pelo quarto. O homem que estava com a dama nada viu. Ela também não comentou. Apenas perguntou ao cavalheiro se vira algo dentro da alcova. O homem deu não como palavra final. Porém, ao fazer sexo com o seu parceiro, a nova dama avistou no espelho menor da cama, onde ficou seus pés, uma nuvem de forma branca que por alguns minutos tomou o vulto de uma mulher. E esse vulto sorriu para a nova prostituta e então se voltou para a porta, buscando a saída. A jovem ficou de olhos bem abertos para ver a sombra da mulher. O homem que estava com a jovem, era o único a fazer esforço para ter o sexo. A jovem ficou aturdida com o que acabara de ver na alcova de núpcias. De imediato, a ninfa se levantou da cama e saiu correndo, desesperada pedido por socorro. Mesmo assim, ninguém vira a dama que aparecera naquela alcova.
Mesmo assim, todos os que moravam no lupanar diziam ser a alma de Corina que continuava ali andando de alcova em alcova a procura do seu amante Dalmo. Esse, nunca pareceu pelos quartos de alcova. Vozes e gemido alguém ouviu de certa vez como sendo de alguém que estava morrendo. Mas o vulto ninguém viu. Apenas Corina continuava a passear pelas alcovas. Em noite de lua cheia, era bem mais fácil se ver Corina perambular pelos quartos do lupanar. Tempos depois, em um dia comum uma empreiteira demoliu os escombros do pardieiro que abrigou por vários anos aquele lupanar. Certa vez, um operário viu tal visagem se aproximar dele e com muito carinho lhe disse.
--- Esse canto, não. Esse canto ainda é meu. – disse a visagem
Após dizer isso, sumiu. Ouve certo murmúrio em torno do assunto e os trabalhos do edifício pararam. E nunca mais alguma pessoa colocou uma pedra no espaço que a alma falou ser dela. Ainda hoje está a construção paralisada, com tais comentários dizendo que ali é o terreno da alma. Até mesmo quem caminha pelo local da construção paralisada diz ter visto uma alma toda de branco, bela, muito bela, passeando para um lado e para o outro. Um motorista chegou a dar uma carona a uma bela mulher que ao chegar à chamada construção disse a ele.
--- Eu fico aqui. – e desapareceu.




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