segunda-feira, 15 de março de 2010

LUZ DO SOL - 55

- A FEMEA FATAL -
- CONTO -
Osny costumava guardar as fotos de suas artistas de cinema em um secreto local onde nem as traças conseguiam descobrir. Ele era fanático por cinema de velhos tempos onde as atrizes eram as mais belas criaturas que se podia ver. Desse modo, Osny tinha um ciúme doentio do seu acervo de artistas – e de alguns astros também – coisa que nem comentava com o melhor de seus amigos. Vez por outra ele estava debruçado em seu atelier a consultar as mais belas fotos de atrizes, algumas dessas ninfas já mortas há muito tempo e que ele revivia no silencio do seu oficio de trabalho de colecionador esmerado. Osny não tinha namorada e nem queria saber de tal negócio. Certa vez, apareceu em sua vida uma jovem mulher que era capaz de enlouquecer as cabeças dos mais pacatos de todos os cinéfilos ou de alguém que não fosse ligado a cinema ou teatro. O seu nome era Pâmela que se podia dizer “Todo Mel da Flor”. Plena de exuberante beleza Pâmela deixava a cada qual cismar por ternas e primorosas fases do seu encantamento. Em um dia qualquer da vida, a jovem mulher se aproximou de Osny em um momento que o rapaz estava a admirar umas imagens acadêmicas postas em exposição por um Departamento Cultural do seu lugar onde ele morava.
--- É uma bela imagem de mulher. – disse-lhe Pâmela com sua voz macia.
Para Osny, aquela observação saiu como um ímpeto, pois nem sequer conhecia a bem aventurada doce mulher. Ficou ele abismado com a figura exposta e a mulher em sedução para poder responder qualquer coisa de qualquer modo.
--- Sim. É uma deslumbrante figura esta que se mostra na foto. – respondeu Osny.
--- Essa, me falta colocar em meu acervo. – replicou a jovem mulher.
--- Eu sei. – respondeu Osny.
--- Sabe como, se nem mostrei o que eu tenho? – perguntou inquieta a jovem mulher.
--- Eu disse que sei, não foi por não ter visto a sua coleção de arte. Porém porque eu queria dizer que estava compreendendo o que a senhora me disse. – observou Osny.
--- Ah, bom. Agora entendi. Seu nome é? – perguntou a jovem fêmea.
--- Osny. E o teu? – quis saber Osny.
--- Pâmela. – disse-lhe a dama.
--- Hum! Belo nome. “Todo Mel da Flor”. – e sorriu com vagar.
--- Você entende de nomes? – perguntou-lhe Pâmela.
--- Não. Disse por acaso. – sorriu leve Osny.
A jovem demorou em olhá-lo bem como quem queria adivinhar em um sexto sentido o poder de conhecimento do homem com quem estava a falar. Porém, Osny se mostrou calmo e tranqüilo talvez alheio até mesmo aos quadros de exposição que poderia ter aquela exuberante mulher. Com isso, Osny se mostrou quieto.
--- Casado? – perguntou-lhe a mulher.
--- Eu? Não. Solteiro. – respondeu Osny.
--- Ah sim. Tem tempo de estudar as artes. - disse Pâmela como quem queria por a conversa mais à frente.
--- Nem tanto. Nem tanto. – desconversou Osny.
--- Como nem tanto? Se não faz nada? – perguntou a jovem dama.
--- Trabalho em arquivos de uma repartição. – respondeu Osny.
--- Mesmo assim te resta um bom tempo. – sorriu à jovem.
--- Talvez um pouco. – sorriu Osny.
A mostra continuava por um longo corredor com pouca gente a observar os quadros que estavam expostos, sempre de importantes figuras. E Osny continuou a observar o que estava a mostra na companhia da jovem Pâmela, moça de seus 25 anos, ou um pouco mais ou um pouco menos. A cada quadro por onde os dois passavam, sempre havia um comentário a fazer onde Pâmela se mostrava eximia em observar tudo que se mostrava exposto. Em tais casos, Osny concordava, talvez por uma questão de ética, certamente.
Ao passo de um percurso Pâmela voltou a falar em casos mais íntimos, como por exemplo, onde o rapaz morava e se queria conhecer os seus quadros de pinturas. Osny demonstrava não ter interesse em dizer onde morava e se chegasse a tal ponto, jamais deixaria Pâmela conhecer o seu acervo secreto onde fotos de exímios artistas mostravam a nudez ou não de suas musas encantadoras. Mesmo assim, concordou em conhecer os quadros de pintura de Pâmela um dia qualquer, se ela concordasse afinal com o seu desejo. Por fim, os dois acertaram a visita para o próximo final de semana na parte da tarde, quando os artistas teimavam em dizer que àquela hora já não lhes vinham mais inspirações para compor uma obra de arte.
E foi assim que Osny se despediu de Pâmela acertando em que horário ele chegaria ao apartamento da nobre mulher de encantos sedosos. Por fim, chegou o venturoso dia em que Osny teria que se deparar com as telas de artes de Pâmela. Ele esperava não acordá-la tão de repente, pois os nobres artistas têm o costume de dormir até altas horas da tarde. No entanto, ele tocou na sineta da porta do apartamento. Parecia até que a jovem dama estivesse tão de repente esperando, pois, sem esperar muito ela abriu-lhe a porta e de imediato convidou para entrar em sua luxuosa e requintada sala onde se podiam ver quadros de autores diversos, como Renoir e Chagall dentre os mais autores de obras primas e clássicas. Estatuetas de bronze, réplicas de ornamentos históricos, vasos indianos, réplicas de obras persas, como tapetes e jarros até mesmo obras do império sunita estavam muito bem arrumados ao redor da sala de entrada do apartamento de Pâmela. Aquilo despertou as emoções de Osny em ver tão magnífica jóia exposta em um só local enquanto a sua coleção de retratos de atrizes não passava de um fútil arremedo diante daquele império da exímia colecionadora de artes. Sem querer dizer ou falar mais sobre o que lhe estava a açoitar a alma, Osny apenas teve tempo para amparar a expressão.
--- Magnífico!!! - - falou Osny.
Na verdade, ele estava diante de uma mostra de uma mulher que se podia chamar de fêmea fatal por todos os meios e sentidos enquanto se pudesse conhecer por total as nobrezas das extasiantes peças e adornos que escondia aquela divina mulher ainda jovem que a ninguém expunha os seus tesouros escondidos.

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