terça-feira, 30 de março de 2010

LUZ DO SOL - 70

- PACTO SINISTRO -
- CONTO -
Era manhã de terça-feira quando algo sucedeu de forma inesperada no andar em que Suzana morava. Algo inquietante ouvia-se do seu apartamento como alguma coisa ou mais estivesse dentro do quarto vizinho a rebolir nas gavetas do birô e cadeiras de palha ali existentes. Naquela hora da manhã Suzana ainda estava deitava, pois fora dormir tarde da noite coletando informes em seu computador para fazer a lição de classe. Ela olhou o relógio, mas o inquietante barulho surgia como mais intenso.
--- Rato? Aqui? – perguntou ela a si mesma.
Então, a moça dos seus vinte e cinco anos, se levantou devagar e muito de leve puxou a porta que dava para o quarto contiguo e viu um rapaz que estava desarrumando tudo o que via pela frente a procura de alguma coisa. Ela estremeceu de medo. No birô, ao olhar sem querer, viu uma espátula que estava ali posta para abrir envelopes ou algo semelhante. A moça segurou firme a espátula e gritou para o jovem:
--- Que estas procurando? – gritou Suzana amedrontada.
O rapaz tomou um susto terrível e procurou correr de imediato passando por entre Suzana e o balcão do birô. O rapaz não disse nada e somente procurou fugir. Nesse momento, a moça que estava com a espátula na mãe, temerosa com a fuga do rapaz, golpeou-lhe apenas uma vez como para se defender de algo que o jovem trazia em sua mão. O golpe certeiro pegou o rapaz em cima do peito. Algo que Suzana fez sem quer. Apenas como forma de se defender de uma possível agressão que sofreria então. A moça puxou a espátula do peito do rapaz. Esse apenas a olhou de boca aberta. Mão no peito, joelhos encurvados e por fim caindo ao chão nos estertores da morte. A moça teve apenas o tempo de gritar.
--- Ai meu Deus! Matei o homem!. – falou então Suzana levando a sua mão à boca.
A vontade que lhe dera era a de correr para algum lugar. Ainda tentou abrir a porta que deva para o elevador e se conteve. O mundo rodou em sua cabeça, pois Suzana não sabia o que fazer. Ao voltar para o interior do quarto topou com o cadáver do jovem que ela acabara de matar.
--- AI. – fez Suzana tremendo de medo.
--- O que eu faço? – perguntou a moça a si mesma.
Então, entrou no seu quarto de dormir onde mais ainda tremia de medo. O que lhe passava pela cabeça nada respondia. Foi então que se lembrou de chamar Romeu, seu namorado, pois ele teria maior segurança em dizer o que se fazer. Pegou o seu celular e discou para o seu namorado. O telefone chamava com insistência, mas Romeu não atendia.
--- Atenda! Atenda! Atenda! – dizia Suzana em prantos.
E então o celular desligou de vez. Ao tentar uma nova chamada para Romeu ela ouviu o seu celular chamar. Com pressa e com temor Suzana atendeu. Do outro lado da linha Romeu falou.
--- Pronto, Suzana. Estava no banho. O que há? Passo já aí. – disse Romeu.
--- Venha urgente!!! Venha urgente!!! Venha urgente! – gritou a moça baixinho.
--- O que há? – perguntou Romeu temeroso.
--- Um morto!!! Venha imediato! – chorava Suzana.
--- Um o que? – perguntou o rapaz sem entender a mensagem por completo.
--- Morto! Urgente! – respondeu Suzana e desligou o celular.
--- Um o que? – voltou a perguntar Romeu, mas nada ouviu em troca.
De imediato, o rapaz trocou de roupa, vestiu-se às pressas como quem queria saber o que havia ocorrido, calçou dois sapatos diferentes, desceu no elevador privativo do seu apartamento, passou pelo portão de entrada sem cumprimentar o segurança. Voou com o seu carro em direção ao apartamento de Suzana rezando por todos os meios que o que ouvira não fosse verdade. Discou novamente seu celular para o de Suzana e este não atendeu. O transito impedia que Romeu chegasse com mais pressa ao apartamento da namorada. Ele desviou um uma rua lateral e por fim chegou ao prédio onde morava a namorada. Discou o seu celular, e não atendeu como se o outro estivesse fora de área. Romeu subiu pelas escadas que era mais depressa que pelo o elevador e chegou ao terceiro andar onde morava Suzana. Ninguém por perto. Nada mal. Então o jovem tocou a campanhia do apartamento e, de repente, a moça parecia estar assombrada. Suzana abriu a única porta de entrada e saída, onde estava o cadáver do rapaz. Ele quase tropeçou na vítima. Alarmado, perguntou.
--- Que é isso? – tremendo de medo ao ver o cadáver no chão.
A moça chorava por demais. E levou um tempo para dizer que era um homem que entrara em seu apartamento. Ela dormia. Quando acordou, ouviu um ruído no quarto vizinho. Suzana veio ver o que era e se topou com o ladrão. Quem era, ela não sabia.
--- O que se faz? Chame a polícia! – sugeriu o namorado.
--- A polícia? Não! Eles vasculham tudo! – respondeu Suzana chorando.
--- Mas tem que chamar. Se não, é pior! – contestou Romeu.
O tempo passou e nenhuma decisão. Suzana não desejava a policia dentro de seu apartamento. Romeu dizia o contrario. O momento cada vez mais passava sem nenhuma solução. O relógio marcava as horas. Implacavelmente. Os dois namorados naquele momento estavam sentados na cama de casal. Romeu procurou um livro para ler aleatoriamente e dizia.
--- É melhor a policia! – contestou Romeu.
--- Não. Policia, não. Tenho uma idéia melhor. Nós botamos o corpo num saco plástico e jogamos no rio. – articulou Suzana.
--- Você está doida? Num saco? E como vamos passar com esse monstro? – perguntou Romeu apavorado.
--- A gente espera que anoiteça. – respondeu Suzana.
--- Anoiteça? A gente vai passar o dia todo com esse cara aqui? – inquiriu Romeu.
--- Tem outra idéia? – perguntou Suzana agora mais tranqüila.
--- A polícia! – respondeu Romeu.
--- Nada de polícia. É assim que vamos fazer. – respondeu a jovem incontinente.
O dia passou lento. O tempo ameaçava chuva. A noite chegou bem vagarosa. E os dois namorados, esperaram que a noite fosse bem mais alem, nas horas da madrugada, ajeitaram o cadáver cortado em pedaços, empurraram dentro de um saco plástico e jogaram na mala do carro de Romeu. Com toda a segurança possível, depois de limpar o chão do quarto de qualquer vestígio de sangue, eles rumaram para a ponte onde de lá sacudiram o corpo do rapaz para dentro do rio. O jovem rapaz olhou por alguns instantes vendo se o corpo despencara na água turbulenta. Carros passavam para um lado e para outro e ninguém notava que ali havia um pacto sinistro de dois namorados.

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