sábado, 27 de março de 2010

LUZ DO SOL - 67

- CLAUDIA -
- CONTO -

Era uma manhã de sábado, quase meio-dia, quando Claudia acordou depois de uma sexta-feira negra, cheia de angustia e desamor. Ela despertou ainda meio sonolenta procurando o seu relógio miúdo que depositara na cabeceira da ampla cama de casal onde ela dormia as noites de fatigas e inconseqüentes dissabores. Claudia era uma jovem mulher de cabelos loiros encrespados, testa firme e ampla, olhos negros e ternos, sobrancelhas arqueadas, boca cheia de amor para dar e busto de uma deusa fatal ao calor do dia ou da noite. Ao ver as horas que já passavam, a mulher abriu a cortina que cobria a janela de seu apartamento tão logo se levantou. Logo ao se levantar da cama, Claudia tropeçou em uma mesa posta entre a janela e o seu leito. A moça não disse nada, mas vez ver a atual situação da deslumbrante mulher que ainda tinha o gosto amargo do uísque em sua boca. Ao abrir a cortina, o sol que fazia aquela hora da manha lhe ofuscou completamente ao ponto de Claudia fechar a vista para não ver coisa alguma.
Então, a jovem mulher se lembrou do que passara na noite anterior. Apesar do uísque que ela tomara, ainda assim notou o seu namorado a conquistar outra moça que se encontrava no salão de baile do dancing onde Claudia foi como era freqüente fazer todo o final de semana para se divertir ao compasso da música. De repente, a jovem puxou o rapaz pela manga de sua camisa e disse, sem contemplação.
--- Fique com ela! Vocês se merecem! Tudo acabado aqui! – rebateu Claudia sem dar margens a maiores discussões por parte do namorado.
E saiu do dancing imediatamente tomando o seu carro e indo para outro bar cheio de barulhos por conta de uma radiola acústica que tocava com mais vigor naquela hora da noite. Ali ela procurou um ambiente bem mais sossegado para ficar e remoer a sua desventura amorosa. Passaram-se horas em plena madrugada com a moça a beber o seu uísque com a cabeça cheia de desagrado em alucinada meditação ao sabor dos muitos outros ébrios que ali estavam a remoer igualmente as suas desilusões de amor. O bar estava repleto de freqüentadores, todos já bastante embriagados. A mesa era de um tamanho de cerca de quinze metros ladeada por bancos mais ou menos altos suspensos por um único meio de sustentação feito de ferro de duas polegadas. Por trás desse balcão havia uma estante cheia de bebidas as mais diferentes para atender ao gosto de quem pedisse. Na mesa do bar propriamente dita, havia um abajur de luz tênue, um objeto não identificado sustentado à parede, e na parede havia ainda os diplomas do bar propriamente ditos. Alguns até bem emoldurados. Na parede ao lado do bar, havia outra estante onde se guardava vários vidros de bebidas quase nunca usados
O que se observava também eram as mesas que eram dispostas no amplo salão desse bar onde os freqüentadores bebiam e comiam frutos de origem do mar e mesmo produtos da terra como carne, peixe, mariscos, camarões, lagostas, caranguejos entre uma diversidade sem igual. E nesse ponto de exclusividade de gente rica estava também Claudia experimentando tudo o que viesse a sua mesa. Por perto, havia outras mesas repletas de gente, conversando os mais intrigantes assuntos que a jovem moça nem chegava prestar atenção. De repente, sentou-se a mesa de Claudia o seu namorado querendo levar conversa de modo à deixa tudo como era antes. Porém, Claudia não quis conversar com o rapaz. Ela preferiu deixar de lado tais aborrecidos temas cujo teor já não lhe satisfazia. Após insistentes pedidos de reconciliação do rapaz se ouviu Claudia falar com aspereza.
--- Cala tua boca indigno. Sai daqui e me deixa em paz. – falou Claudia.
O rapaz baixou a cabeça e disse que Claudia não perdia por esperar. Em seguida, se levantou e mudou de mesa, ficando por lá mais certo tempo. Nesse espaço, já por volta das quatro horas da manhã, Claudia pagou a sua conta com um cartão de credito e tomou rumo de seu apartamento. Chegando lá, demorou-se em abrir a chave por está em vertiginoso estado de embriagues. Depois de aberta a porta a moça entro e nem sequer trocou a sua roupa. Deitou-se a agarrou no sono. Quando era quase meio dia, Claudia acordou e ainda assim sentia o amargor do uísque em sua boca. Depois de abrir a cortina foi até ao banheiro para tomar uma ducha e ver se assim retirava o cansaço que deixara a bebida e uns poucos camarões, lagostas e peixe frito, todo isso ela tragou com a bebida.
Por esse instante, alguma pessoa bateu a sua porta. Claudia estava no banheiro e de lá não saiu. Passados alguns minutos, quando Claudia já deixara o banho, alguém entrou em seu apartamento. Ela baixou a vista para enxergar quem de fato era.
--- Polícia! – disse com uma voz firme um oficial acompanhado de cinco agentes.
Claudia então perguntou:
--- Pois não? Em que posso ser útil? – respondeu a moça.
--- Tem um corpo estirado bem na entrada do seu apartamento. – disse o oficial.
--- Que? – perguntou assustada a moça sem saber do que se tratava.
--- A senhora está intimada a depor sobre o morto. Ao que tudo indica, ele foi morto por outra pessoa. E mais: ele é o seu namorado. – respondeu o oficial.
Nesse momento, Claudia desmaiou. Ao recobrar os sentidos o seu apartamento estava com varias outras pessoas, tomando nota de tudo, averiguando o chão do quarto, fazendo perguntas entre si, sem se importar com a jovem que ainda estava esmaecida. Dos apartamentos próximos, ninguém tinha permissão de passar por perto. Todo o apartamento de Claudia foi revirado de cima a baixo sem que ninguém dissesse a razão por que aquilo estava sendo feito. De Claudia foi retirada as impressões digitais, vendo se havia arma de fogo no interior do seu apartamento em meio a uma série de perguntas que ela nem sabia o que responder. Nome, estado civil, se bebe, se esteve com o rapaz em poucos momentos. Era uma infinidade de questões que a moça não teria mais condições de replicar. Nesse instante, Claudia rebateu.
--- Quero um advogado. Só falo na presença dele. – replicou Claudia.

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