quinta-feira, 25 de março de 2010

LUZ DO SOL - 65

- JUDITE -

- CONTO -

Há tempos que Judite estava sentada em uma travessa da cerca de madeira da fazenda lendo com atenção aquela brochura de um autor que somente ela poderia saber quem era. Era uma tarde de outono e o sol não aparecia deixando apenas a sua luminosidade refletida. A jovem mulher de cabelos bem curtos e loiros vestia um tailleur escuro ostentando o seu poder de uma mulher cosmopolita. De bolsa escura, pendurada em seu ombro esquerdo, blusa de mangas compridas, trajando blusa branca pesa ao decote, saia escura e longa, sapato de salto alto e cor preta, Judite tinha as mãos um par de luvas brancas. O seu olhar obliquou de atenção à leitura era tudo que dizia da senhora ao meio da tarde. Rosto suave, boca meiga pintada de batom, nariz afilado, sobrancelhas arqueadas encimando a sua visão diminuta era o mais que se podia oferecer daquela encantadora e virginal mulher. Ao largo uma espécie de catedral por entre o matagal que assumia para o longe a sua imponente e majestosa silhueta.
Ao se notar a voluptuosa e delicada mulher, nada podia responder o que houvesse no desejo da concepção da exuberante natureza. O mundo se resumia apenas em Judite ao ver a sua história de amor ou de prece que ela estava a decifrar a cada passo. Um automóvel adormecido ao longe era tudo o que havia de progresso e que a senhora dos sonhos nem despertava para o seu existir. A leitura era tudo o que de esmero lhe apetecia. A meiguice que a senhora emprestava ao ler o que estava escrito naquele livro ao sabor do acaso era o que lhe contentava saber. Quando a noite se aproximasse então, Judite levaria sua ostentosa brochagem para os caminhos da sua mansão onde dormiria em tranqüila paz. O acaso da vida se faria completo, por fim.
Judite era uma professora da Universidade e de quando em vez ela procurava ler os mais atuais trabalhos que ilustravam as prateleiras das livrarias do mercado. E era assim que ela formava o seu pleno conhecimento da história onde por varias vezes os seus alunos procuravam entender melhor uma passagem daquilo que se oferecia ao delicado saber dos fatos. Quando um estudante perguntava sobre um assunto fora do que fora ensinado, Judite teria a condição de responder com a precisão de uma exímia lente. Não raro se encontrava Judite olhando o universo a procurar respostas para alguma indagação. Em outras ocasiões, ela estava a ler na silenciosa livraria da Faculdade, epítomes acadêmicos cujas páginas esmaecidas denotavam terem sido consultadas por outros acadêmicos.
Em certa ocasião, Judite buscava encontrar um compêndio que relatasse um assunto complexo para que ela pudesse tecer uma aula de Linguagem Esquecida. Por mais que procurasse tal resumo acadêmico, Judite não o encontrava. Ao esquecer-se de procurar aquele resumo, eis que outro livro dissertava todo o assunto que pretendia encontrar. E assim, ela procurou com certo ardor, compreender todo o seu resumo que estudara de há muito tempo e já não se lembrava ao certo. Nessa tarde, Judite passou a ler o trabalho com pormenor atenção, vibrando até por ter encontrado a sua salvação do ensino.
--- Eureka – disse Judite cheia de entusiasmo.
Ela estava por completo exaltada em poder ter deparado com aquele velho e tanto corroído livro que muitos outros mestres talvez o tenha estudado com o máximo amor e dedicação.
Por essas questões tão enigmáticas, Judite era a mentora daquela Universidade em que mais os alunos se espelhavam. Entre muitos outros assuntos de Histórias e Línguas Mortas, era a Judite que até mesmo o melhor professor buscava as mais perfeitas significações do saber. Por um caso desses, Judite estava então a ler naquele momento tal história que outros mestres nem procurariam saber da sua essência.
--- É noite e deve chover, certamente. – relatou baixinho Judite depois de algumas horas pesa aos estudos.
A tarde estava coberta de brumas empalidecidas onde não mais se podia ver a iluminação do dia que já se esgotara.




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