sexta-feira, 19 de setembro de 2008

RIBEIRA - 121

CARONTE
O condutor das almas

O meu pai era um homem sumamente inteligente. Sua função de Professor do Estado já lhe garantia a importância do seu saber. Eu o vi dando aulas à sub-Oficiais da Policia Militar e por questões que nem sei explicar, não lhe admirava por isso. Para mim era apenas uma aula e nada mais. Porém, fora da classe, um monte de livros debaixo do braço, ele seguia para casa. Dentre esses livros estavam uns que tratavam sobre "Línguas Mortas". Inclusive, tive a oportunidade de folhear um dos quais era todo escrito em Latim. Os demais livros não me importava. Afinal, eu era muito pequeno para tantos livros. Hoje, eu vejo meu pai de forma diferente. Um homem de suma importância que escrevia para jornais e revistas da cidade coisas de antigamente, passados de antigamente, reminiscências de antigamente. Este era o meu pai, nem tanto diferente de outros amigos com quem sempre ia conversar.

Certa vez, eu me lembro muito bem, ele falou em um homem. Seu nome era Caronte. Naquela época em que ele falou para mim, tanto faz com tanto fez. Mesmo assim, o nome do homem - Caronte - não me saiu da mente pelos anos seguintes. Em uma busca que fiz, certa vez, não procurando por Caronte, eis que estava no meio dos pergaminhos o nome do homem. Então, eu passei a ler com cuidado aquilo que fez, no seu tempo, o velho e esqualido, porém forte, o barqueiro Caronte que fazia a travessia das almas dos que já haviam morrido para o outro lado do rio de águas turbulentas que fazia a fronteira com o inferno. O rio se chamava Aqueronte. Era um rio de águas negras que corria sobre a Terra.

Caronte transportava as almas dos mortos e que estavam devidamente sepultados, cobrando pela travessia uma determinada moeda. Dai, o costume de se colocar, ainda hoje, uma moeda na boca de um defunto. Continuando: Caronte transladava pessoas de todas as espécies. Heróis, jovens, virgens. E todos se aglomeravam querendo atravessar o rio do inferno, cheios de ânsias de chegar a margem oposta. Porém, o barqueiro só conduzia aqueles escolhidos, empurrando para trás o restante. As demais almas que não tinham o local onde estavam sepultados os seus corpos eram condenados a vagar pela margem do Aqueronte durante cem anos, para cima e para baixo. Depois de tanto tempo, as almas conseguiam atravessar o rio do inferno através do barco.

O rio Aqueronte desaguava no mar Jônio. Suas nascentes eram no pântano de Aquerusa, charco próximo a uma das aberturas que os antigos - gregos - acreditavam conduzir aos infernos. Também chamado Barqueiro dos Mortos - na Grécia -, Caronte é apresentado como um deus idoso, mas imortal, de olhos vivos, o rosto majestoso e severo. Sua barba é branca, longa e espessa, e suas vestes são de uma cor sombria, porque manchadas do negro limo dos rios infernais. Presume-se que Caronte foi punido e exilado durante um ano nas profundezas do Tártaro, por ter dado passagem a Hércules na sua barca, sem que esse herói tivesse o magnífico e precioso ramo de acácia em seu poder.Um mortal não podia entrar na barca, a não ser que tivesse como salvo-conduto um ramo de acácia de uma árvore fatídica consagrada a Proserpina, divindade que tornou-se raínha das regiões das sombras.

Caronte representa as Viagens Astrais ou Projeção da Consciencia, a quinta maneira de interação entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Projeção da Consciência é a capacidade que todo ser humano tem de projetar a sua consciência para fora do corpo físico. Essa experiência tem recebido diversas nomenclatura, dependendo da doutrina ou corrente de pensamentos, como Projeção Astral, no campo da Teosofia. É sabido, desde a mais remota antiguidade, que a "Experiência fora do corpo" é um fato, envolvendo técnicas nítidas de cunho científico. Porém, devido ao desconhecimento sobre o assunto, grupos desinformados geraram fantasias sobre os "perigos" que envolveriam o processo, aliás, inexistentes.


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