sábado, 20 de setembro de 2008

RIBEIRA - 122

PRAÇA PIO X

Essa era a Praça Pio X, em Natal (Rn) que eu a conheci nos velhos tempos de 1950 e mais para trás. Quando olho, hoje, a Nova Catedral, vem à minha lembrança o que foi a Praça Pio X. Bem antes de 1950 e lá pelos idos de 1900 ou antes, o pároco de Natal era o padre João Maria. Foi ele que teve a ideia de construir uma nova Catedral em um local bem mais distante que a Catedral de Nossa Senhora da Apresentação. Bem mais distante, o que ele encontrou foi um sítio em um quadrado no fim da rua do Sarmento e que no século XX passou a se chamar rua Coronel Pedro Soares e que é hoje a rua João Pessoa. Para se abrir a Rua do Sarmento foi preciso de muitas machadadas, derrubando-se as árvores que estavam no meio daquilo que, quando pronta, se chamaria de "rua". E era lá no fim do mato que estava o sítio de Manoel Álvares Tavares, o seu dono. Nesse tempo, todos os moradores de Natal eram católicos. Manoel Tavares era avô de Maria do Carmo Alvares. Foi ela quem me contou essa história. Historia ou não, o certo é que o sítio foi doado...(DOADO)...pelo seu dono ao padre João Maria Cavalcante de Brito para que o sacerdote construísse ali a sua nova Catedral. Isso foi por volta de 1890 ou coisa assim.

Enquanto o pessoal (garis) da Prefeitura fazia o seu trabalho de derrubada do mato, com machado, foice e tudo mais, o padre, em seus sermões, pedia ao povo de sua comunidade para que, em uma verdadeira procissão, fosse buscar pedras de praia, lá pelos lados da Praia do Meio e Praia de Areia Preta. E se formou a procissão de mulheres, homens, rapazes, moças, e gente miúda para ir buscar pedras de praia. Era uma lonjura...que Deus nos acuda! Porém, o povo de fé, cantando e rezando, seguia à pé para os Montes, pois era assim que se chamava Petrópolis. MONTES!. Digo isso porque minha avó dizia que se chamava de Montes as partes mais altas de Natal em direção ao mar. Se é mentira, pode perguntar a ela, que está enterrada no Cemitério do Alecrim. Não custa nada. É só ir lá.

E a nova Catedral começou a ser erguida. Fez-se a parte de trás, já bastante alta e com aberturas para se por as janelas com seus vitrais e seis colunas bem altas, redondas, coisa de sessenta centímetros de largura para um homem abraçar. A Catedral era um verdadeiro monumento em comparação com a que existe hoje. A construção era feita de graça por negros e mulatos orientados pelos brancos. Um branco (homem) desenhou o perfil da Catedral sem nada cobrar. A Prefeitura aprovou, também em nada cobrar. O padre João Maria batia mundos e fundos em busca de recursos para manter a obra no seu melhor ritmo. Para se chegar à rua Olinto Meira, que hoje tem esse nome, pois na verdade o doutor Olinto Meira era morador de um sítio que ficava naquilo que hoje é esquina com a rua Segundo Wanderlei, era uma caminhada e tanto. Um certo dia, alguém notou que o padre fazia toda essa caminhada à pé, e deu-lhe um burro para ele melhor andar. Andar montado em um burro, assim como fez Jesus. Você se lembra disso? Lembra? Pois bem. E o padre João Maria podia seguir mais longe, buscando ajuda para a construção da nova Igreja. Isso,, ele fez até o dia de sua morte, no ano de 1905.

E o sonho do padre chegou ao fim. Não tinha mais construção de uma nova igreja. A rua Coronel Pedro Soares começou a funcionar como uma artéria onde moravam as pessoas ilustres da capital. O que ficou de pé onde seria a nova Catedral. um dia, a Prefeitura teve que demolir para , em seu lugar construir uma pracinha onde armava-se brinquedos, roda-gigante, espelhos-mágicos e tantas coisas em um terreno cercado, que não se via nada por fora. Depois de um certo tempo, esses brinquedos saíam dalí e ficava apenas a nova para que teve o nome de um Papa: Pio X.

A nova Praça foi muito bem traçada. Sem bancos para namorados fazer juras de amor eterno, tinha, em seu lugar, quatro espaços muito bem desenhados, um retângulo com os dois lados salientes puxados para fora, conservando-se as árvores bem cuidadas, e um chamado "avião", com suas asas nas duas direções onde se podia ficar e admirar Natal, já nos tempos de 1950. Esse foi um tempo glorioso, com as casas de moradas já construídas na rua Jundiaí, e um pé de mungubas bem no lado esquerdo da pracinha, arejando todo o ambiente. Lâmpadas ornamentavam o local. Nas casas da rua Jundiaí, os muros davam guarida para o embelezamento das suas fachadas. Naquele tempo, não tinha com mais de um andar, ali na pracinha. Eram todas casas de moradas. Umas, duas janelas e uma porta. Tinham casas que eram construídas por igual, como se fosse gémeas. Outras, eram mais solitárias. Porém, todas eram casas de ricos, salvo as que entravam por um beco que ia dar no Colégio Santo Antonio. Aqui se fala da rua Fontes Galvão, uma ruela que em tempos ídos, de 1900, era um sitio pertencente a Luiz de França. Tempos depois, ele se desfez do sítio que cobria todo um quarteirão, passando pelo que se chamaria rua Jundiaí, rua Prudente de Morais, rua Apodí e voltava pelo beco que não tinha nome e hoje de chama Fontes Galvão. Com um sol abrasador, a pracinha Pio X só tinha guarida para se proteger do calor, em baixo das asas do "avião" onde, um dia do ano de 1950 um doutor matou com um disparo de arma de fogo um garçon que lhe cobrara a conta do dia passado


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