quarta-feira, 17 de setembro de 2008

RIBEIRA - 119

PRAÇA PEDRO VELHO

Essa é a Praça Pedro Velho (foto) de antigas domingueiras das crianças, dos meninos, dos jovens, dos rapazes e moças. Enfim, dos adultos e de todos nós. A praça era ornamentada com árvores que se tornaram pequenas pela a ação da tesoura do homem que fazia a poda dos seus galhos. E assim, esses homens transformavam as árvores em silhuetas de cuscuz, coelhos, tamboretes gigantes ou móveis da época e até mesmo em tronos reais formando-se numa abertura do tronco em dois braço e no restante, o encosto de realeza onde os frequentadores, aos domingos, tiravam fotos encomendadas a um fotógrafo que fazia ponto no local. E eram vários fotógrafos e oferecer os seus trabalhos a homens, moças, senhoras, rapazes, meninos, enfim, a todos que se encontravam na praça. O local era de maior movimento apenas aos domingos. No entanto, todos os dias, principalmente à noite, moças e rapazes se encontravam para um flerte ou namoro.

A Praça Pedro Velho não diferenciava de outras praças que existiam na cidade, a não ser pelo fato de alí ter um espaço para crianças e jovens, na parte leste-sul, que servia para se brincar nos balanços, gangorras, argolas, e mesmo escorrego que ficava em uma parte central do parque, todo cercado por pequenos postes e cruzados por arames de quatro voltas em torno dele. O escorrego ficava no meio. Esse espaço, bem maior, era todo cercado de arame de quatro pernas, desde a entrada, que por certo era um portão pequeno e gradeado, seguindo até a rua Potengi, tomando curso até a rua Prudente de Morais, voltando pela rua Trairi, e terminando no outro extremo do portão, formando um retângulo.

Esse parque tinha um vigia que abria a porta do portão, na hora que ele achava certo para que as crianças pudessem entrar, acompanhadas de suas mães ou mesmo, de governantas ou babás. Seu nome era Humberto Pacheco. Ele era quem comandava a festa das crianças e dos jovens. Esses jovens tinha o prazer de passar nas argolas, suspensas por uma trave com cerca de quatro metros de comprimentos. Vários desses atletas escorregavam e iam ter no chão. Então, depois de umas três quedas, era a vez de experimentar o balanço, cuja altura era de no máximo quatro metros. No espaço tinham quatro balanços, além das gangorras, todas sempre ocupadas.

E por falar em Pacheco ou seu Pacheco, como era tratado, ele era um homem turrão, brabo até, gritava com todos, menos com as crianças que estivessem acompanhadas de suas mães, senhoras de alta classe. O parque, que ficava em um terreno mais baixo que a praça, era separado por uma rua, como se pode chamar. Essa rua, de dois metros ou mais de largura, era fechada em seus extremos por uns postes pequenos, de um metro de altura, separados um dos dos outros e presos por correntes, como forma de dizer que, no lugar não podia entrar carro. Daí, então, começava a praça, onde tinha quatro tanques cheios de água, medindo cerca de oito metros por cinco. Nos tanque se criavam tartarugas. Alguns desses tanques eram poluídos por demais, e alí não existiam mais as tartarugas. Homens, adultos, jogavam pipocas na água para ver as tartarugas subirem e pegar aqueles alimentos.

No meio da praça tinha o Coreto, onde se apresentava Bandas de Musica, quase todos os domingos ou mesmo nos sábados à noite. A Praça Pedro Velho era bem cuidada pois em frente existia a Vila Ciccinati, casa de morada do Governador do Estado, isso nos idos de 1950 ou um pouco antes. Tudo era limpo e tinha também um "avião" com suas asas guarnecendo as duas partes, onde as senhoras, suas filhas e jovens bebiam seus sorvetes em taça requintada. Chamava-se de avião, por casa de sua semelhança com um aparelho voador. Jovens e moças, caminhavam por cima dessas asas, feitas de cimento e dalí, cada qual contemplava toda a praça. Os Bondes de Petrópolis passavam no local, pelas rua Trairy, Prudente de Morais e seguindo o seu trajeto para a praia dali em diante. Na rua Potengi, as árvores cobriam todo o percurso que se tinha a fazer. Nesse tempo, não havia o Ginásio de Esporte, no extremo da praça. Ali, era um terreno desocupado.

Não raro, os rapazes conseguiam suas namoradas naquela praça e dali em diante eles terminavam por casar, seguindo o mesmo exemplo de mostrar a seus filhos o lugar onde conhecera a sua mãe e brincar nos escorregos, tirando fotos nos tronos, coelhos e cuscuz existentes ainda naquele logradouro, ponto de encontro de outros novos namorados. Em Natal (Rn), se tinha praças não iguais aquelas, mais com seus coretos tradicionais, como a praça Augusto Severo, na Ribeira, a praça André de Albuquerque, na Cidade Alta.e a praça Gentil Ferreira, no Alecrim. Outras praças existiam, mas essas não Coreto.

Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica . Normalmente era um espaço livre de edificações. configurada pela presença de mercados e feiras livres em seus limites, assim como por edifícios de carater público. Assim como na Grécia antiga, foi em Natal que ainda engatinhava para um dia ser uma jovem dama. E assim foi possível viver entre moças e rapazes romances que para eles seriam eternos. Se eternos ou não, isso pouco importa. O que dá prazer é o que se pode notar naquilo que um dia foi a melhor e mais querida pracinha de Natal: A Praça Pedro Velho.


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